Pessoas Normais: Como Sally Rooney Retratou o Mundano e o Poético da Vida em Livro
- Laura Silveira
- 17 de nov. de 2021
- 2 min de leitura
Livro traz frescor e profundidade ao gênero de romance

Aos 30 anos, a irlandesa Sally Rooney é celebrada por críticos como "a primeira grande autora da geração millennial". O título não é por acaso, a obra de Rooney tornou-se um fenômeno literário pela exploração da intimidade e relações cotidianas. Seu livro mais vendido, 'Pessoas Normais', ganhou adaptação para TV em 2020 pelo canal britânico BBC em parceria com o streaming Hulu e reproduziu o sucesso comercial e aclamação crítica da obra original.
"Eu tendo a escrever personagens que são tão articulados e perspicazes sobre o que pensam e sentem quanto eu", explicou Rooney ao The New Yorker. "Em outras palavras, eles são às vezes perceptivos, mas na maioria das vezes são esmagadoramente incapazes de descrever ou explicar o que está acontecendo em suas vidas."

A humanidade e simplicidade em 'Pessoas Normais'
A obra relata o romance de Connell e Marianne desde o ensino médio aos reencontros da vida, de 2011 a 2015. Connell é um rapaz de origem humilde, popular na escola e que se destaca pela inteligência, enquanto Marianne é rica, com família conturbada e que tem dificuldades para fazer amizades. Cada capítulo se inicia com uma passagem de tempo e uma recapitulação dos eventos que levaram até o ponto atual da relação. "Eu realmente não acredito na ideia do indivíduo. Sinto-me atraída por escrever sobre intimidade e a maneira como construímos um ao outro", Rooney revelou ao New York Times.
Apesar da premissa inicialmente clichê para o gênero, a obra se destaca pela profundidade dos personagens, que, junto à escrita simples e fácil de digerir de Rooney, ganham camadas que os tornam realistas. E a partir de seus personagens Rooney explora os dilemas e ansiedades da geração millennial e Z sobre o mundo.
"A escrita é intimista mas não fechada, acho que por isso é fácil ficar realmente preocupada e se identificar com os personagens", relatou nossa entrevistada, Maria Clara Silveira, sobre sua experiência com a leitura. "Também li em um dos piores momentos da pandemia, então essa conexão com personagens que vivem em um lugar diferente, em outro momento da vida, tornou-se maior e foi uma distração ideal."
A complexidade de Sally Rooney revela a particularidade que faz com que suas obras se destaquem: seus personagens são tão realistas que não é preciso necessariamente gostar de cada um para ter apreço pela estória. "A ideia de ler um livro para julgar se dá para gostar das personagens é estrangeira para mim", argumentou Rooney. "Nem todo mundo pode gostar de todo mundo. É razoável que pessoas ficcionais que se aproximem da complexidade das pessoas reais não sejam universalmente adoráveis também."
Essa singularidade em sua escrita fica perceptível na experiência da leitura. "Gostei de descobrir sentimentos, opiniões e experiências diferentes dos meus, o que, apesar de acontecer em todo livro, nesse foi como tomar um chá na Irlanda num dia chuvoso, ouvindo alguém contar sua própria história, tentando entender uma pessoa de verdade, não um personagem.", esclareceu Maria Clara.
'Pessoas Normais' está disponível em plataformas digitais e livrarias. A série está no StarzPlay



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